A necessidade de mudança é latente, quando se fala em gestão esportiva nas entidades desportivas (ED) no Brasil. A indústria do esporte não permite mais amadorismo na relação entre as ED's e os seus consumidores (torcedores). Para o Prof. Ary Rocco (EEFE-USP), a gestão esportiva, para ser eficaz e eficiente, deve, essencialmente, equilibrar os resultados em 03 (três) pilares: econômico, financeiro e esportivo, das agremiações gerenciadas. Assim, segundo o
mesmo autor, quando a entidade esportiva, pensa estrategicamente na sua comunicação organizacional, esta pode contribuir para a melhoria, tanto na performance esportiva, quanto na construção da identidade do clube, melhorando, consequentemente, o posicionamento de sua marca no mercado e, equilibrando-a aos resultados econômicos e financeiros.
Felizmente, algumas entidades desportivas, inclusive no Brasil, já trabalham estrategicamente, implantando processos administrativos e governanças, compatíveis aos utilizados em organizações multinacionais e nas principais agremiações esportivas da Europa. No Brasil, um dos aspectos, em geral, negligenciado pelos clubes esportivos, é a construção ou valorização de uma cultura organizacional que possa identificar a agremiação com seus jogadores, colaboradores e torcedores, criando uma identidade clara e definida. Para Kasznar & Graça, (2012) citado por Rocco Júnior et al. (2015), (E-book: Ensaios sobre Gestão do Esporte), no Brasil, algumas organizações esportivas já implementaram um modelo profissional de gerenciamento, que são pautados em sustentabilidade administrativa, aumento do potencial de marketing e qualificação dos colaboradores de todas as instâncias. Para os autores, Bastos e Rocha (2011), a gestão do esporte nada mais é do que a aplicação dos princípios de gestão às organizações esportivas, assim, conhecer a indústria do esporte e seus limites é fundamental.
Contudo, a partir deste cenário é possível questionar o quanto as ferramentas de gestão das entidades que administram, atualmente, o fenômeno esporte, estão sendo eficazes.
Como alternativa para um modelo de gestão, surgem as pronunciadas boas práticas de Gestão de Projetos (GP), que podem render excelentes resultados se implantadas corretamente, especialmente, em clubes de futebol e, de forma geral, em entidades de prática e administração desportivas. Acredita-se dessa forma, na contribuição para a melhoria das técnicas de gestão do esporte no Brasil, modernizando sua forma de execução, com foco na obtenção de melhores e mais eficazes resultados.
GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Segundo o Guia PMBOK®, (2014), projeto é um esforço empreendido em um determinado tempo, com início e término definidos, a fim de criar um produto, serviço ou resultado único. Essencialmente, os projetos podem possuir características fundamentais em algumas entregas e atividades do projeto, seguindo processos e procedimentos repetitivos. Entretanto, cada projeto apresenta incertezas e diferenças que podem exigir da equipe do projeto, mudanças no planejamento. De acordo com Carvalho Júnior (2012), um projeto deve ser elaborado de tal maneira que permita a flexibilidade das etapas a serem executadas e seja capaz de ser adaptadas conforme as mudanças significativas ao longo do tempo. Além disso, um projeto pode envolver uma única pessoa ou inúmeras delas, ou ainda, apenas uma organização ou diversas unidades desta mesma corporação. Para cada projeto, um gerente de projeto será responsável pelo gerenciamento do mesmo.
O gerenciamento do projeto é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos. (GUIA PMBOK®, 2014). Para Silveira (2008), o gerenciamento de projetos, de forma geral, é a arte de dirigir, planejar, controlar, administrar, guiar, capacitar, obter, treinar e executar projetos, de forma organizada e orientado pelas metas. Segundo o autor, o gerenciamento de projetos não é um processo, mas sim, uma “família” de intersecção dos vários modelos da maturidade em gerenciamento de projetos.
MARKETING ESPORTIVO
O marketing, por definição, segundo alguns autores, pode ser descrito como uma relação de troca, ou seja, alguém ou alguma organização oferece um produto ou serviço para atender as necessidades de terceiros. Kotler e Keller (2006) apud Trevisan (2013), resumindo esta descrição de troca, apontaram o marketing como sendo um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.
Em 2011, Lousada, citando Pitts e Stotlar (2002), apresenta o marketing esportivo, apesar de poucos estudos específicos, como composto por quatro campos de estudo: estudo esportivo, estudo de administração de empresa, as ciências sociais e a comunicação. Segundo os mesmos autores, é importante definir também, para o entendimento, conceituação e ambientação dentro do marketing esportivo, o significado do termo: indústria do esporte. Para eles, este termo é o mercado no qual os produtos oferecidos aos compradores estão relacionados a esporte, fitness, recreação ou lazer, além de outras atividades, bens, serviços, pessoas, lugares ou ideias.
Segundo Proni, (1998), o marketing esportivo tornou-se uma ferramenta essencial para as entidades esportivas, que necessitam conquistar a preferência do público não só para aumentar o número de espectadores, mas principalmente para obter bons contratos com a televisão, atrair bons patrocinadores, e vender ou licenciar artigos esportivos.
No marketing esportivo existem algumas estratégias definidas por alguns autores como: o MIX do marketing esportivo. Destacam-se entre essas, sete formas de investimento, são elas:
1.Patrocínio esportivo,
2. Parceria;
3. Licenciamento de produtos;
4. Compra de direitos de exploração de imagem;
5. Franquias;
6. Merchandising e;
7. Promoção empresa X clube.
Porém, as estratégias de marketing renovam-se constantemente e, atualmente, é impossível não tratar o marketing digital como uma realidade no mundo do marketing. Segundo Torres, (2010), o marketing digital está se tornando cada dia mais importante para os negócios e para as empresas, não sendo apenas uma questão de tecnologia, mas uma mudança no comportamento do consumidor, que utiliza cada vez mais a internet como meio de comunicação, relacionamento e entretenimento. Torres (2010), sugere ainda algumas estratégias do marketing digital para que as empresas possam criar uma presença forte na internet, relacionando-se com seus consumidores, conquistando novos clientes e mantendo satisfeitos os atuais, são elas: Marketing de conteúdo; Marketing nas mídias sociais; E-mail marketing; Marketing viral; Pesquisa online; Publicidade online e Monitoramento.
REFERÊNCIAS:
CARVALHO JUNIOR, Moacir Ribeiro de. Gestão de Projetos: da academia à sociedade. Curitiba: InterSaberes, 2012. 296p.
LOUSADA, Laura M. Uma análise do funcionamento do departamento de marketing dos clubes de futebol: estudo de caso sobre o Sport Club Corinthians Paulista. Ribeirão Preto, 2011, 111p.
PMBOK. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (Guia PMBOK®) / [Texto e tradução] Project Management Institute. 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
PRONI, Marcelo W. Marketing e organização esportiva: elementos para uma história recente do esporte-espetáculo. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 1, n. 1, p. 82-94, jul/dez. 1998.
ROCCO JÚNIOR, Ary José; AMARAL, Cacilda M. dos Santos; BASTOS, Flávia da Cunha; MAZZEI, Leandro Carlos. Ensaios sobre Gestão do Esporte: reflexões e contribuições do GEPAE/EEFE-USP. Sarapuí: OJM Casa editorial, 2015. 225p.
ROCHA, C. M. da; BASTOS, F. da Cunha. Gestão do Esporte: definindo a área. Revista Brasileira Educação Física Esporte, São Paulo, Número especial. v.25, p.91-103, dez. 2011.
SILVEIRA, Gutenberg de A. Fatores contribuintes para a Maturidade em gerenciamento de projetos: Um estudo em empresas brasileiras. Tese de (Doutorado) - Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008, 375 p.
TORRES, Cláudio. Guia Prático de Marketing na Internet para Pequenas Empresas: Dicas para posicionar o seu negócio e conquistar novos clientes na Internet. São Paulo: Cláudio Torres, 2010. Disponível em: http://uab.ifsul.edu.br/tsiad/conteudo/modulo5/gne/biblioteca/claudio_torres_-_mktdigitalpequenaempresa.pdf.
TREVISAN, Escola de negócios. Curso de Gestão aplicada ao esporte: Introdução ao Marketing. Material didático virtual. São Paulo: Trevisan, 2013.